Fria despedida
Lá se vão os girassóis
Roubados de meu antigo jardim
Com se abandonassem toda a tristeza
Como se suas lágrimas criassem uma fortaleza
E agora já nem sei de onde vim...
Lá se vão as gotas de chuva
Fugindo sorrateiras da sacada da janela
Desenhando poesias infantis
Como se minha rima mais bela
Já não soubesse mais o que diz
Lá se vão as últimas ondas
Levando consigo meu mais novo segredo
Revelando diários escondidos
Como se meus olhos fechassem muito cedo
Para não contemplar os sonhos perdidos
E minhas mãos se juntaram numa prece
Pedindo que a solidão
Também não me abandone
Lá se vão as folhas de outono
Acompanhadas do vento mais frio
Caminhando a passos lentos, inseguros
Como se prevessem retornos futuros
Deixando-me à deriva, no correnteza do rio
Lá se vão os anos que esperei
Sem nem mesmo terem chegado
E quando a escuridão se torna absoluta
Meu corpo não resiste à luta
E se entrega ao sentimento
Que primeiro lhe for ofertado
Anseios desmedidos
Mesmo que meus sonhos não se deem por vencidos
Essa prece terá de terminar...