Raízes

Nos retratos amarelecidos

E também nos coloridos,

Mosaicos de tempo.

Nas molduras, vidas.

Nas duras vidas,

Almas sofridas,

Mãos calejadas

E outras vidas

Vindas de longe.

Quem dera ouvir os sinos

Da igreja medieval,

Olhar os campos e as vinhas

Sobre as pedras preservadas

Dos portais, nas calçadas

Do vilarejo atemporal...

Voltar ao velho continente,

Buscar o novo conteúdo,

A matéria prima, a essência

De tudo.

Remar da foz à nascente.

Às vezes

Os retratos me chamam:

"Chiudi il circolo*!", conclamam.

Mas, ai, raízes minhas...

Essas, entrelaçadas

Às novas, emaranhadas,

Não fazem mais parte das vinhas.

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* "Feche o círculo! " (em italiano)