Bolhas de Sabão
Quero ser criança do futuro e sair sozinho
Caminhando em cima do muro com uma rosa sem espinho
Ser um filhote no ninho, um dia, um sol.
Sentir é simplesmente sentir.
Ser, viver e crescer, são fugas das brincadeiras,
São horas desperdiçadas, horas avoadas, fenecimento do rol.
Na noite enluarada, quero me despir,
Quero meu corpo dançando ao som de um assovio.
Num vento quase frio, me agasalhar.
Atirar-me devagar para quem sabe tecer um sorriso,
Pois eu preciso, sou indeciso, liso.
Ainda é molecagem de menino,
Matreiro no berço que balança a vida por entre o véu, o léu.
Quero uma criança em minha roda de ciranda, pega-pega,
Ioiô, pião, amarelinha e varinha de condão.
Quero ser fino com um sapato sem cadarço,
Sendo um laço, eu faço, eu aço.
A teimosia toma conta de mim,
Pois meu fim é estar longe daqui, simplesmente, voando, voando...
Mãe, quero ser igual ao Pequeno Príncipe,
Namorar uma rosa e ser dono do meu mundo.
Quero um sentimento profundo, eu me inundo.
Uma prosa sobre um doce de goiaba,
Um chapéu sem aba, uma taba, um índio, um cocá.
Pipoca poca na panela, flanela e ela magrela correndo.
Menina e boneca com uma caneca na mão, um tapete no chão
Meleca, peteca, sapeca é Rebeca que não come berinjela.
E eu não rejeito um queijo, um beijo e feijão.
Mas é sair do vento, e tudo desaba,
O menino já está bem cansado, trim-trim-trim.
Já estou bem longe de mim.