Flagra
Flagrei-me suspenso
sobre o nada
qual condor
voando sobre cordilheiras
pensando que o céu
fosse a tua boca
molhada de mel.
Flagrei-me numa tela
num cinema de Glauber
rasgando a tua carne
bebendo do teu gozo
lavando-me no teu suor
Flagrei-me no rito
dançava como Xangô
bailava, dançava
a minha melhor dança
deixava o meu corpo
ir ao teu encontro
Flagrei-me em alguns Lp´s
Devorava um Caetano
Roubava uns versos
Queria que a minha boca
falasse o quanto tu és linda
É o jeito do meu corpo
Flagrei-me Deus
Pensei
Materialize-se
E vi que isso era bom
deveras bom
Ser carne. Ser osso
Ter o seu corpo
Seu sorriso
Tua voz
Flagrei-me no azul
Qual condor
Busquei o ninho
Que fiz no teu seio
E assim vou vivendo
Qual Verger
Clicando cada sorriso
Que me oferece
Como um instante único
Flagro-me todo dia
Querendo-te como a minha mulher.
Dedicado a Maria do Socorro, minha namorada imortal.