Fogo trigueiro

Na viagem sem noite em floresta de abetos,
Alvos dispersos de tantos açoites e palavras,
Lanço mão de amante lírico e luz de festim.
Encarnada de alívio por estar contigo assim.

De Elias vejo o carro de fogo ao céu subir,
Sem provar de milícia ou o verso escandir
Só quero a douração do trigo, a madrugada
E o bando ascendente em celeste revoada.

Orvalho de manhãs gozozas de puro feitiço,
Amor de onze-horas ou jardim de amaranto,*
Sofreguidão nascente ou final de aconchego.

Tomar dois sentidos: de chegada e de morte.
Ficar em tua cama ou desfazer-me da corte
Para escalar nova história de letras tão fortes.





*Amaranto (popular “crista de galo”): flor que não murcha, 
sendo considerada símbolo da imortalidade
.


Imagem: cronopios.com.br (detalhe de Campo de Trigo com Corvos - Vincent van Gogh).
meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 02/04/2008
Reeditado em 05/03/2010
Código do texto: T928147
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