Ah, os poetas!

Os poetas absorvem os lamentos

Dos que esqueceram os sentimentos.

Que matam sem saber

Que roubam a paixão

Os sonhos, o querer.

Os poetas absorvem os gritos embargados

Dos tristes, oprimidos que choram calados

Bebendo o último gole

De uma vida sem beleza,

Sem magia, sem grandeza

Os poetas absorvem as últimas esperanças

Dos que tentam encontrar nas lembranças,

Uma gota de alegria,

Um feixe de luz

Em meio à agonia.

Os poetas absorvem o canto dos passarinhos,

E no livre bater das asas no ar ou em seus ninhos.

O sabor da liberdade

A beleza da vida

Sem ansiedade.

Os poetas absorvem o perfume de uma flor

Uma dádiva, um bálsamo que suaviza a dor

Dos sobreviventes,

Sem sonhos,

Doentes.

Os poetas absorvem da estrela, a luz

Um clarão, um brilho que conduz,

De uma forma tão bonita,

O que sofre

Em agonia infinita.

Em meio a tantas coisas esquisitas,

Os poetas buscam coisas bonitas.

Da vida, a essência.

Tudo que é puro

E que faz a diferença.

Cleia Gonçalves
Enviado por Cleia Gonçalves em 02/04/2008
Código do texto: T927572