Ah, os poetas!
Os poetas absorvem os lamentos
Dos que esqueceram os sentimentos.
Que matam sem saber
Que roubam a paixão
Os sonhos, o querer.
Os poetas absorvem os gritos embargados
Dos tristes, oprimidos que choram calados
Bebendo o último gole
De uma vida sem beleza,
Sem magia, sem grandeza
Os poetas absorvem as últimas esperanças
Dos que tentam encontrar nas lembranças,
Uma gota de alegria,
Um feixe de luz
Em meio à agonia.
Os poetas absorvem o canto dos passarinhos,
E no livre bater das asas no ar ou em seus ninhos.
O sabor da liberdade
A beleza da vida
Sem ansiedade.
Os poetas absorvem o perfume de uma flor
Uma dádiva, um bálsamo que suaviza a dor
Dos sobreviventes,
Sem sonhos,
Doentes.
Os poetas absorvem da estrela, a luz
Um clarão, um brilho que conduz,
De uma forma tão bonita,
O que sofre
Em agonia infinita.
Em meio a tantas coisas esquisitas,
Os poetas buscam coisas bonitas.
Da vida, a essência.
Tudo que é puro
E que faz a diferença.