FOLHA SECA

Passos apressados, passos calmos,

Passos de crianças, esboçam pequena ventania

Que assopra a folha seca ao chão

Inerte, morta, esquecida, insignificante

Uma vida que se finda

E um leve toque de alguém, a empurra

Casualmente, aos olhos do mendigo

Sentado, também sózinho, quase seco igual a folha

E desperta-lhe as lembranças, passadas, vividas

Quando era verde feito folha nova

Quando tinha casa, igual quando a folha tinha galhos

E de repente, se vê na mesma direção

Famíla que ficou, igual as folhas verdes que ficaram

Lembranças de quando era útil para alguém

E amado por outros

Paixões que ainda vivem no seu interior

Amores que ainda existem, embora esquecidos

Agora só ao sabor do vento que sopra para lhe empurrar

De canto em canto, quanto chega a tempestade

Quantas vidas que te queriam ficaram prá trás

E uma saudade bate forte no peito, e renova sua esperança

De uma família que ficou, de uma vida que abandonou

E o vento ainda leva a folha, de encontro a terra de onde saiu

Se cola, na terra úmida, onde vai se decompor

Ainda morta seu destino não acabou

Vai se transformar, se desmanchar,

Vai adubar a terra e dar seu corpo para a existência de um novo ser

E o mendigo, que não é folha

Se levanta, renova sua fé na vida

Encara sua verdade, e ruma

De volta aos seus que ficaram

Porque essa folha ainda não morreu

Terovydes
Enviado por Terovydes em 31/12/2005
Código do texto: T92700