eterna ciranda
como sempre
atravesso a madrugada
bravamente
lucido
consciente
em claro
mas sempre existe por perto
algum momento raro
alguma dor
alguma flor
alguma cor
uma insonia insensata
um sono quieto
olhos teimosos abertos
espertos
desejos secretos
nas poucas janelas acesas
uma lua inteira de plantao
uma calma varrendo o chao
nas ruas vazias
nas flores baldias
na escuridao
num cigarro
espero tranquilo
debrucado na varanda
o sol
o dia
o recomeco
de toda essa eterna ciranda