ESPELHO, ESPELHO MEU...
Olhou-se bem no espelho
E viu-se como era velho...
Notou seu rosto enrugado
Pelas marcas do passado...
Parecia até, antever
Que está prestes a morrer...
Fechou os olhos, chorou
E à infância, retornou...
Em um Natal bem distante
No seu Lar aconchegante,
Como um Príncipe querido,
Seda e veludo, vestido...
Os presentes que pedia
Chegavam ao raiar do dia
Quando então, ele acordava
E tudo se iluminava...
O tremzinho que apitava,
O carrinho que buzinava...
Que com orgulho, exibia
Aos amigos com alegria...
Logo veio a adolescência
Com as várias experiências...
As primeiras namoradas,
O violão, madrugadas...
O noivado, o casamento
E o seu primeiro tormento:
A grande perda dos pais,
Expressão do nunca mais...
Amando muito seus filhos
O seu trem voltou aos trilhos
Na sua alma de artista
Seus sonhos fariam lista...
Muitos deles, realizados
Outros tantos projetados...
Livro no prelo, na estante
Seu companheiro constante...
Sua razão de viver
Está na Arte do Fazer...
De compor na Poesia
A verdade em Fantasia...
Voltou a ver-se no Espelho...
Sorriu e ficou vermelho...
Resolveu se renovar
No Ano que vai chegar!...