FUMAÇA BRANCA.
A fumaça branca,
Sonolenta e santa,
Paira ao ar,
Dança um pouco,
Recita um recital louco,
E foge à janela,
Não fugindo por ela,
Mas nela,
Nela onde buscam meus olhos,
Um horizonte,
Que de tão longe me conte,
O que há no viver fechado
De um poeta calado,
Que tanto diz, não nego,
Por esconder seu próprio ego,
Obscuro e cego,
Maltrapilho e frio,
Dizendo tanto mundo saber,
E mundo mesmo não viu,
Não viu nascer,
Não viu crescer,
Não viu morrer,
Não viu sequer ao pairar,
Recitar um pouco,
E à janela ir como louco,
Em busca de auto-afirmação,
Não de uma auto-solução.
( D`Eu )