FUMAÇA BRANCA.

A fumaça branca,

Sonolenta e santa,

Paira ao ar,

Dança um pouco,

Recita um recital louco,

E foge à janela,

Não fugindo por ela,

Mas nela,

Nela onde buscam meus olhos,

Um horizonte,

Que de tão longe me conte,

O que há no viver fechado

De um poeta calado,

Que tanto diz, não nego,

Por esconder seu próprio ego,

Obscuro e cego,

Maltrapilho e frio,

Dizendo tanto mundo saber,

E mundo mesmo não viu,

Não viu nascer,

Não viu crescer,

Não viu morrer,

Não viu sequer ao pairar,

Recitar um pouco,

E à janela ir como louco,

Em busca de auto-afirmação,

Não de uma auto-solução.

( D`Eu )

Sidnei Levy
Enviado por Sidnei Levy em 02/04/2005
Código do texto: T9263