De vez em quando uma menina imaginária vem me visitar. Acho que sou "eu menina" que vem visitar o "eu adulta". Cada vez que ela vem, escrevo-lhe uma poesia:
Aninha na Sala
Na sala parada no tempo
voam as cortinas de renda.
Até as camélias no vaso,
tem uma leve cobertura cinzenta.
Tudo cheira a patchouli,
e lembra a espera da morte.
Mas os olhos da menina...
Ah! Os olhos buliçosos de Aninha,
esses lembram jabuticabas,
bandaid no joelho e coisas novas.
A menina na sala...
é insólita como um tênis All Star
em um quadro de Rembrandt!