CAMINHONEIRO
Na noite fria gelada /
Estava na beira da estrada /
Sozinho naquele relento /
Só se ouvia o barulho /
De carros passando alheios /
O rosto tocado pelo vento /
Bem tarde na madrugada /
Onde estás neste momento?/
Andando a vagar sem rumo /
Aqui, ali, nada arrumo /
Nem me mata essa vontade /
É uma realidade /
Na noite escura o vaga-lume /
Tu, onde estás? Anda vás! /
Deixa-me, me solta as amarras! /
Quando dizia, eu calava /
Não vivo mais pra essa farra /
Aprenda, não é lenda /
Alguém sobrava /
Olho, vejo, não tem jeito /
Por que foi dar esse defeito /
Logo aqui neste deserto? /
Onde não há ninguém por perto /
Até quando vou esperar? /
Socorro só muito distante! /
Nem posso comunicar /
Até o rádio deu problema /
Fico aqui agoniado /
Sentindo-me um coitado /
Bem longe do meu lugar /
Será que lembras de mim /
Ou chegou mesmo o fim? /
Diga, tu quis! /
Assim com tudo acabar
/Ainda olho teu retrato /
O sono vem devagar /
Entro, Cabine fria /
Travo tudo aqui por dentro /
Não me encontro ao relento /
Adormeço... Amanheço... /
Na minha mente tu estás /
Vivendo correndo /
Daqui pra lá e de lá pra cá /
Tentando ganhar /
Um pouco de dinheiro /
É dura a vida de caminhoneiro /
E o coração no peito a pulsar /
Por alguém, muito além /
Que talvez me espera /
E aqui enjaulado /
Neste canto quebrado /
Pensando em ti e olhando o luar /
Será que me espera /
Quando estou a chegar? /
Querendo-te e morrendo /
E pensando em te amar /
Lembro-me dos beijos /
Os carinhos que almejo /
Os sussurros ouvidos /
Os ais... Ais... Ou gemidos /
Na entrega de amar /
Respiração ofegante /
Eu aqui tão distante /
Só, a recordar! /
by D’Arnaldo. 05/09/04