A CIDADE COM CIÚME
(Levarei algum tempo para concluir este poema, mas desde já o ofereço ao amigo que tanto me comenta. A você Dionísio Teles)
meu peito escarlate
na cidade sem estética
cada cinqüenta metros
uma luminária cabisbaixa
ar de tungstênio engarrafado
luz enlatada
a sete metros de meus pés
conversas roem cabos de telefones
arames elétricos flagelam as fachadas
refletoração da cidade
luzes chupando imagens
laboração noturna homens sem asas
longevidade embaçada
meninas sentadas nos salões
caras de pão doce
de pudim
meias rasgadas adolescentes submergidas
um vira-lata fiel sem dono
late em latim
irritantes lobos urbanos
a cidade sem estética
expectora faíscas tuberculosas
senhoras e senhores
esse espetáculo não tem fim
gomos de tangerina salivam
olhinhos de melancia são moscas pretas
pontilhando o arco da cidade
estaleiros guardam na cintura
embarcações em construção
arcas de madeira vias de rio
anel de ouro no olho da rua
cidade sem dedo
sem deus
formigas moram na montanha marrom
enraizada no poste
a plantinha esparramada foi aconselhada
num leve aroma de mãos
maria-fecha-a-porta-que-teu-pai-morreu
se encolhe, se fecha mas não chora
a vendedora de quindins e mudubins
põe a penteadeira ao pé do poste
inauguração de doces em vitrines
o poste se arqueia
água na boca de sua retina
a tacacazeira asmática não veio trabalhar
lhe faltou o ar
amanhã faltará dinheiro
a praça espantada de estátuas em poses escandalosas
a luz enlatada se arrepia
mãos nos queixos
braços cruzados nas costas
pernas fazendo quatro
seios a mostras
o menino ourado de se rolar na terra amarela
abocanhada pelo trator gigante
nem se importa
a cidade com ciúme
se rói
pobre urbanidade
é de se ri
poste caolho
chorando luz
cio
da cidade
com ciúme
há um segredo
só as meninas sabem
a diferença ente o poste e o fósforo
é a distância
isso explica os homens sem asas
e o menino que nem se importa
toda vaidade é ausência de estética
(Levarei algum tempo para concluir este poema, mas desde já o ofereço ao amigo que tanto me comenta. A você Dionísio Teles)
meu peito escarlate
na cidade sem estética
cada cinqüenta metros
uma luminária cabisbaixa
ar de tungstênio engarrafado
luz enlatada
a sete metros de meus pés
conversas roem cabos de telefones
arames elétricos flagelam as fachadas
refletoração da cidade
luzes chupando imagens
laboração noturna homens sem asas
longevidade embaçada
meninas sentadas nos salões
caras de pão doce
de pudim
meias rasgadas adolescentes submergidas
um vira-lata fiel sem dono
late em latim
irritantes lobos urbanos
a cidade sem estética
expectora faíscas tuberculosas
senhoras e senhores
esse espetáculo não tem fim
gomos de tangerina salivam
olhinhos de melancia são moscas pretas
pontilhando o arco da cidade
estaleiros guardam na cintura
embarcações em construção
arcas de madeira vias de rio
anel de ouro no olho da rua
cidade sem dedo
sem deus
formigas moram na montanha marrom
enraizada no poste
a plantinha esparramada foi aconselhada
num leve aroma de mãos
maria-fecha-a-porta-que-teu-pai-morreu
se encolhe, se fecha mas não chora
a vendedora de quindins e mudubins
põe a penteadeira ao pé do poste
inauguração de doces em vitrines
o poste se arqueia
água na boca de sua retina
a tacacazeira asmática não veio trabalhar
lhe faltou o ar
amanhã faltará dinheiro
a praça espantada de estátuas em poses escandalosas
a luz enlatada se arrepia
mãos nos queixos
braços cruzados nas costas
pernas fazendo quatro
seios a mostras
o menino ourado de se rolar na terra amarela
abocanhada pelo trator gigante
nem se importa
a cidade com ciúme
se rói
pobre urbanidade
é de se ri
poste caolho
chorando luz
cio
da cidade
com ciúme
há um segredo
só as meninas sabem
a diferença ente o poste e o fósforo
é a distância
isso explica os homens sem asas
e o menino que nem se importa
toda vaidade é ausência de estética