Vindima da solidão


Num brinde altivo a Ceifa
De Adão o pomo desaroma
Para a vindima perfumar
Em sofreguidão sem par.

Em taças frias de murano
Pode servir o vinho
Para sorver em seu peito
A volúpia de ser só.

Da casta uva verde
E da Lua tem zelos,
Seus dedos de dama
Brande ao argênteo pó.

À porta da cidadela
Surge entre muros a sós
E em dionisíaco beijo
Perde-se entre os atóis.

Réquiem gentil ou atroz
Pelas noites invernais
De naus e embornais
Sem piedade nem voz.

Ceifa de campo ermo
Num brinde solitário,
Dantesco e silencioso,
Abraça-se ao eterno.

~*~


Imagem do google: Solidão, Marta Bessa

meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 30/03/2008
Reeditado em 10/03/2010
Código do texto: T922921
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