passarada

deitado

solenemente

nos braços da preguiça

entre as flores

da varanda

vendo a tarde caindo

bem devagar

como a ciranda

que faz a pétala da flor

levada pela brisa no ar

na estradinha de terra

ao lado da casa

beirando a linha do trem

passa boi

passa boiada

passageiro

passarinhos

passarada

um rio estreito escorre

vindo do alto da serra

vem com pressa

querendo chegar depressa

para se transformar

no grande lago

água de poço

banho de cuia

fogão a lenha

cheiro de feijão novo

de carne que queima

minha avó

murmura uma canção antiga

enquanto cozinha

ja' e' quase hora do jantar

e ela bebe calmamente

sua cachacinha amiga

e' feliz assim

a sua maneira

a noite escura

traz a lua

e milhares de estrelas

as velas e a lareira

estao acesas

a comida na mesa

a tal estradinha de terra

ao lado da casa

beirando a linha do trem

esta' deserta agora

e o sono chega bem cedo

trazido pelo enorme sossego

que existe nesse lugar

o conforto

dos lençois macios e brancos

vai descansar meu corpo

que vai acordar

bem antes do nascer do sol

para acompanhar de perto

a beleza natural

do amanhecer do dia

por detras da serra

que logo, logo

vai povoar

a estradinha de terra

ao lado da casa

beirando a linha do trem

que passa boi

passa boiada

passageiro

passarinhos

passarada

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 29/03/2008
Código do texto: T921992