passarada
deitado
solenemente
nos braços da preguiça
entre as flores
da varanda
vendo a tarde caindo
bem devagar
como a ciranda
que faz a pétala da flor
levada pela brisa no ar
na estradinha de terra
ao lado da casa
beirando a linha do trem
passa boi
passa boiada
passageiro
passarinhos
passarada
um rio estreito escorre
vindo do alto da serra
vem com pressa
querendo chegar depressa
para se transformar
no grande lago
água de poço
banho de cuia
fogão a lenha
cheiro de feijão novo
de carne que queima
minha avó
murmura uma canção antiga
enquanto cozinha
ja' e' quase hora do jantar
e ela bebe calmamente
sua cachacinha amiga
e' feliz assim
a sua maneira
a noite escura
traz a lua
e milhares de estrelas
as velas e a lareira
estao acesas
a comida na mesa
a tal estradinha de terra
ao lado da casa
beirando a linha do trem
esta' deserta agora
e o sono chega bem cedo
trazido pelo enorme sossego
que existe nesse lugar
o conforto
dos lençois macios e brancos
vai descansar meu corpo
que vai acordar
bem antes do nascer do sol
para acompanhar de perto
a beleza natural
do amanhecer do dia
por detras da serra
que logo, logo
vai povoar
a estradinha de terra
ao lado da casa
beirando a linha do trem
que passa boi
passa boiada
passageiro
passarinhos
passarada