Papo de adolescente
Ainda não o vi.
Será que ele vem?
Foi um convite tão rápido.
Mas é tão chato
não saber se vem ou não.
Há dias estou no terreno.
Ele não dá chance.
Também com este rosto cheio de espinhas
e este papo pra lá de babaca.
Amanhã mesmo vou na biblioteca.
Pego lá uns livros legais.
Quem sabe meu papo melhora.
Ah! Mas também tem o cabelo,
os dentes,
as unhas,
a escola,
os amigos,
os pais,
a família,
vixe,
é coisa demais.
Será que troco tudo só por causa dele?
Mas aí não sou mais eu, é outra.
Outra em mim ou outra fora de mim?
É, se não gostar de nada,
de nada de mim,
é outra que quer.
Puxa! Mas ele não chega.
Engraçado! Eu não tinha ainda pensado desta forma.
Se eu mudar, tudo,
perco meu eu.
Mas eu não posso ser eu,
ele não vai achar legal.
Mas também não posso ser diferente.
Ah! Que confusão!
E ele não vem!
Droga, não estou gostando desta demora.
E muito menos deste papo careta comigo mesma.
Ele está demorando; e eu, pirando.
Ih! Lá vem o Guto.
Que será que ele quer?
O quê?
Quer sair comigo?
Vixe! E o outro?
Eu espero?
Não espero?
Olha só! Está dizendo que sou especial, que gosta do meu jeito e que me observa há um tempão.
Que legal! Não vou precisar mudar nada com o Guto.
Posso ser eu mesma.
Cansei de esperar.
Não vou mais querer o outro.
Vou tentar com o Guto.
Se der, deu. Se não der, não deu.
Paciência!
Outros virão.
Thau, né!
Agora vou namorar e aproveitar o resto da noite.
Bye, bye!