meus poroes

meus porões

são mal assombrados

escuros

empoeirados

com teias espalhadas pelos cantos

quadros de santos

moveis antigos

decoram os ambientes

sombrios

meus fantasmas

arrastam correntes

fazem ruidos estranhos

gargalhadas

assovios

as janelas emperradas

impedem o calor do sol

o brilhos das estrelas

o ranger das escadas

rompe o silencio

espelhos quebrados

refletem a escuridão

meus porões gelados

são uma noite eterna

enclausurados

num enorme adormecer

meus porões

estão num castelo

que eu construi a partir

dos fragmentos

dos flagelos

dos meus sonhos

anseios

devaneios

que um dia

eu dividi meio a meio

e perdi

mas nesses porões

mora um sonho

que invade toda noite

o fundo dos meus olhos

abrindo portas e janelas

levando esse ar medonho

trazendo de volta

o amanhecer

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 29/03/2008
Código do texto: T921536