O outro lado
As vezes quando termino um poema
trago no meus sapatos
barro das beiras dos rios,
carrapicho nas meias,
o cheiro do lirio branco.
Mas nem sempre é assim.
Muitas vezes me perco pelos becos da cidade,
e as bocas de lobos me sugam pro esgoto
onde tudo se mistura,
inatura,
então o cheiro não sai do meu nariz e
contamina tudo que meu verso diz.
Do lado de lá pela noite a vagar,
as pessoas não são o que parecem
sentados na sala de jantar.
O cheiro dos desejos reprimidos,
as mágoas dos que vagam pela noite
entre gemidos;
Nada é mais triste e solitário
Alguns mendigam por amor, outros por comida,
outros apenas por um olhar.
É a vida, aqui e lá do outro lado
E a vida caminha por estradas curvas,
nem sempre se vê a luz no fim do túnel
O tunel dá em outra rua escura e em outra e em outra..
A saída, eu vejo não é por aí;
Deve existir algum portal
Como no reino de Matrix;
Talvez responder a pergunta do oráculo,
Um trick.