DE ENCONTRO COM A SAUDADE

Quando a saudade bate,

o sol se esconde,

os pássaros deixam de voar;

não gorjeiam, fica triste o sabiá.

A lua retira-se no horizonte,

a aurora se refugia atrás dos montes.

Quando a saudade bate,

as estrelas perdem o brilho

e as Marias fogem para longe.

As nascentes paralisam

e nos rios a seca é constante,

o dia não rompe, é a noite que maltrata e estilhaça.

Quando a saudade bate,

abrigo-me e fico casta,

os pensamentos flutuam para longe

e a mente não responde.

Quando a saudade bate,

a chuva vem abundante,

o solo alaga e as sementes não germinam;

sinto o apocalipse.

Quando a saudade bate,

o amor encuba e as lágrimas transbordam,

na alma o coração perde a calma;

o útero seco, não fecunda.

Quando a saudade bate,

não sinto vontade de nada,

só de correr para teus braços

e matar essa danada.