GRANDE SENZALA II
A poetisa Juli
Leu GRANDE SENZALA CHAMADA "BRAZIL".
Perguntou-me:
O que sugere para mudar isto?
Calei-me.
Como responder
Ao que me foi indagado
Assim de bate-pronto.
Me deixou na marca do pênalti,
Sem goleiro,
O estádio lotado.
E agora José?
Confesso que não sei.
Mas, os sentimentos nos condenam
A viver esta medíocre realidade,
Quando pensamos que a dor do outro
Não é a nossa dor também.
E ficamos galinhas,
Como disse em outro poema,
Com asas e sem saber voar.
Já foi dito
Sobre o analfabeto político.
Antes dele, tem o analfabeto sentimental
E o analfabeto social.
Aquele tipo que não convive bem
Com o próximo.
Acha que é autosuficiente.
Basta agradar ao seu superior.
Fazer o seu dever de casa
E o resto não é mais com ele.
No máximo,
Fazemos alguma filantropia pontual
Quando surge alguma calamidade
Ou data festiva.
Precisávamos entender mais
A nossa diversidade cultural;
Nos comprometermos mais
Uns com os outros;
Aprendermos com as mulheres
O sentimento de perpetuação da espécie;
Começar pequeno
Para resolver estes grandes problemas
Que nos fazem uma das vergonhas do mundo.
Respondendo ao que me foi perguntado,
Digo estar muito distante
Uma solução simples.
É que as formas de dominação são por demais sutis.
Às vezes, quem as denuncia
Vai mesmo para o cadafalso
Como traidor da pátria;
E a massa ainda vibra.
Quem sabe, expondo as idéias,
Exaurindo o tema,
Lendo mais, falando mais,
Possamos achar em conjunto
A solução.
Não será, por certo,
A solução de um homem só.