GRANDE SENZALA II

A poetisa Juli

Leu GRANDE SENZALA CHAMADA "BRAZIL".

Perguntou-me:

O que sugere para mudar isto?

Calei-me.

Como responder

Ao que me foi indagado

Assim de bate-pronto.

Me deixou na marca do pênalti,

Sem goleiro,

O estádio lotado.

E agora José?

Confesso que não sei.

Mas, os sentimentos nos condenam

A viver esta medíocre realidade,

Quando pensamos que a dor do outro

Não é a nossa dor também.

E ficamos galinhas,

Como disse em outro poema,

Com asas e sem saber voar.

Já foi dito

Sobre o analfabeto político.

Antes dele, tem o analfabeto sentimental

E o analfabeto social.

Aquele tipo que não convive bem

Com o próximo.

Acha que é autosuficiente.

Basta agradar ao seu superior.

Fazer o seu dever de casa

E o resto não é mais com ele.

No máximo,

Fazemos alguma filantropia pontual

Quando surge alguma calamidade

Ou data festiva.

Precisávamos entender mais

A nossa diversidade cultural;

Nos comprometermos mais

Uns com os outros;

Aprendermos com as mulheres

O sentimento de perpetuação da espécie;

Começar pequeno

Para resolver estes grandes problemas

Que nos fazem uma das vergonhas do mundo.

Respondendo ao que me foi perguntado,

Digo estar muito distante

Uma solução simples.

É que as formas de dominação são por demais sutis.

Às vezes, quem as denuncia

Vai mesmo para o cadafalso

Como traidor da pátria;

E a massa ainda vibra.

Quem sabe, expondo as idéias,

Exaurindo o tema,

Lendo mais, falando mais,

Possamos achar em conjunto

A solução.

Não será, por certo,

A solução de um homem só.

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 29/12/2005
Código do texto: T92016