Que nomes terão?
Qual planeta errante
que segue
ampulheta adiante
e persegue
destinos ignorados,
deixando atrás de si
satélites emancipados,
tenho seguido
andarilho
por um longo caminho,
buscando o horizonte,
olvidando, a cada passo,
cada instante
e cada filho
que eu tenha amado
e vivido.
Mãos no barro divino
tento, mas não adivinho:
quantos ladrilhos há no chão?
quantos filhos tive até então?
Cada rosto que imagino
conhecer no olhar
um brilho,
fico a pensar:
quem já teria sido
meu filho?
Cada momento de amor,
cada tormento de dor
que com alguém
compartilho,
cada segundo que vivo
e empilho
na eternidade,
me pergunto
se e quando
reverei cada filho.
Pés na estrada
que trilho
aos tropeços,
por onde passo
me pergunto:
onde andará
cada filho?
Às mil maravilhas
ou maltrapilhos,
como estarão minhas filhas
e meus filhos?
Terão uma ilha
por domicílio
ou estarão
no exílio,
na guerrilha?
Pai,
quando irei merecer
tamanha maravilha:
ver à minha volta,
feito espiga de milho,
toda filha
todo filho
que já tive
em meus braços,
em minhas mãos,
e lhes dizer em abraços:
somos todos irmãos!