EUTANÁSIA
O corpo já não atende mais aos apelos do movimento motor.
Os olhos já não vêem mais o brilho e o colorido dos dias.
A boca já não pronuncia palavras de força e coragem.
Os lábios já não sentem mais o sabor do mel da sua boca.
A voz se tornou em silêncio de abismo.
O cérebro, supõe-se, já não se recorda dos maus e bons momentos.
Mas o coração ainda bate,
E bate forte.
Ainda que solitário, o sangue corre pelas veias.
A vida vai ficando cada vez mais distante e virtual.
Já não há prazeres,
Já não há desejos.
Só há vozes estranhas, parece o telefone,
Que não reconheço,
Que não entendo e nem atendo.
Mas o coração ainda bate,
E bate forte.
O choro clama pela vida... Alguém está morrendo...
Quem terá coragem de desligar o aparelho?
Pois o coração ainda bate,
E bate forte,
Querendo reviver.