EUTANÁSIA

O corpo já não atende mais aos apelos do movimento motor.

Os olhos já não vêem mais o brilho e o colorido dos dias.

A boca já não pronuncia palavras de força e coragem.

Os lábios já não sentem mais o sabor do mel da sua boca.

A voz se tornou em silêncio de abismo.

O cérebro, supõe-se, já não se recorda dos maus e bons momentos.

Mas o coração ainda bate,

E bate forte.

Ainda que solitário, o sangue corre pelas veias.

A vida vai ficando cada vez mais distante e virtual.

Já não há prazeres,

Já não há desejos.

Só há vozes estranhas, parece o telefone,

Que não reconheço,

Que não entendo e nem atendo.

Mas o coração ainda bate,

E bate forte.

O choro clama pela vida... Alguém está morrendo...

Quem terá coragem de desligar o aparelho?

Pois o coração ainda bate,

E bate forte,

Querendo reviver.

Luiz Felipe Guilherme
Enviado por Luiz Felipe Guilherme em 27/03/2008
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