Menina e mulher
Lindas paisagens, as que vêem agora.
Dos tempos idos os sonhos ainda almejo.
Posso não ter o pão, o chão.
Posso até não ter nada
Nem água.
Mas ainda posso ter-me e sentir-me.
Já não sou jovem nem anciã
Sou apenas um tempo sem mágoa e sem dor.
Sou um templo
Tombado pelo amor
Esqueci as dores dos anos que já passaram
Os milagres esperados não aconteceram
Também passou a dor do tombo
Que os meus sonhos quebrou
Oh mulher sabia que os teus dias chegariam.
E manchadas as vestes,
Humilhada choraria
E a lágrima que descia quente dos teus olhos
Gelada em teu coração se perderia
A menina, criança.
Que em seus passos não cansa
Ainda vive em mim,
Com mãos estendidas, buscando estrelas.
E colhendo negras nuvens
Ao chão seus olhos vão
Nas tristes noites vãs
Que transcendem, ultrapassam o tempo.
Cruza os montes e pontes.
Em seu mundo tudo é sonho
A vida é contida
A morte,
Realidade obtida!
Lili Ribeiro
23/01/08