Agonia
Eu o ví chorando,
aquele homem quase estranho chorava;
Diante de mim, olhos marejados,
corpo curvado pela vergonha.
Envergonhado da própria covardia
ele agora chorava.
Teve medo de seu próprio medo,
usou argumentos pífios para justificar-se.
Era homem, não podia admitir o fracasso,
escondeu de todos o medo que tinha,
escondeu de sí a coragem que não sabia ter,
deixou-se levar,
modo mais fácil de fracassar.
Mas ele não viu.
Teve medo e fugiu, correu, cansou,
arrependeu-se tarde demais.
Agora, longe dos seus,
sozinho em um lugar estranho, chora.
Eu já não tenho pena,
já não me compadeço.
Olho para ele apenas,
até que nem isso eu queira fazer
e quebre o espelho.