Temporais

Permita que eu me jogue no abandono

Como se a solidão fosse um abismo

Eu já não espero mais por romantismo

Quando as noites se calam sem pudor

Cartas revelando o destino

Como se meu rosto fosse um desenho

Incompleto, feito sem empenho

Pelas mãos de um anjo ainda menino

Toque minhas mãos frias

Sinta meus sangue correr

E diga-me que ainda estou viva

Deixe-me cicatrizes invisíveis

Lágrimas secas...

Mágoas que se tornam pó

Minha imaginação é um cenário perfeito

Para que minha alma sobreviva só

Eu não espero flores

Nada que enfeite essa tristeza

Para olhos que já conheceram a pura beleza

Sofrer em vão é a pior maldição

Verdades opacas

Tomam a minha mão

E mesmo que eu não siga

A mais bela trilha para o infinito

Meus pés já conhecem este chão

E preferem a inércia

Meu céu claro, livre de temporais

Espreitando-me

Mas eu não procuro por paz

Meu corpo já se acostumou às batalhas sem fim...