GRANDE SENZALA CHAMADA "BRAZIL".
Em Roma,
Os vencidos tornavam-se escravos.
Epólios de guerra.
Assim também o devedor inadimplente.
Depois, "humanizaram-se" as coisas.
Escravidão jamais.
Os iguais se respeitam.
Não elimidada a ambição e o poder,
Veio a servidão
Como um novo modo de ser.
Mas, havia um povo estranho,
Negro e feliz,
Forte e voluntarioso.
Não sendo igual,
A regra da isonomia não vale.
Trazidos em galés,
Escravizados foram.
Aos ferros com eles,
Canavial e açoite.
Mas, o progresso insiste.
Precisa crescer.
A escravidão onera demais,
Temos que os suster.
Libertem-se os negros.
A sorte deles não é a minha.
Lutem por seu viver.
Circulando as riquezas
Com a força do metalismo,
A servidão impedia
O consumo "livre".
Surge o operário.
O empregado é dono de sua sorte:
De vida ou de morte.
Não é mais comigo.
Sou o capitalista.
O operário então,
Trabalhador "subordinado",
Ocupa o lugar do antigo escravo.
Sai o escravo preto
Entra o "escravo branco".
O preto só é livre quando alforriado.
O branco só é escravo enquanto empregado.
É uma forma eufêmica
De escravidão temporária.
E este país,
Que jamais valorizou
O Trabalho,
Transforma-se a passos largos
Em um gigantesca senzala
De alguns brancos, negros, índios e pardos.