Espera

Te espero sentado, vendo TV

Coração pensa o que o olho não vê.

A fome mato com o que me resta,

As sobras da (melhor e) última festa.

Pra sede, presenteio um bom vinho

Olho pra fora, pro relógio, e ainda sozinho.

Bixo burro que sou, sustento esperança

Coração cansado, célebro na desconfiança.

Bate fome, bate sede, bate sono

Só não batem à porta, salvo abandono.

Rodo aquele velho vinil de jazz

E deito cedo, pontualmente às dez.

Amanhã eu repito, sem reclamar

Um dia aparece, e pode saber, nem vou brigar!