O próximo segundo
Olhei para mim mesma
Mais uma vez a minha frente
Desconhecendo-me por inteiro
O corpo tremendo em febre quente
Sedento por pensamentos que o façam vibrar
Minhas mãos desenhadas
Em vidros de janelas embaçadas
Janelas alheias, janelas sem dono
Que observam...
Meu mundo se despedaçando
(E construindo-se outra vez)
Acompanhada pela solidão
Como um vulto a me seguir
Sem destino...
Eu colho as flores que brotam
Nas profundezas deste mundo
E eu tenho pressa
Como se a minha vida fosse se extinguir
Neste próximo segundo
Como as folhas que caem
Desistindo do outono
Estações em pleno abandono
Sobrevivendo aos meus lúgubres temporais
Olhei para mim mesma
Dando as costas para a face no espelho
Tentando esconder de mim
O mais obscuro segredo
Mesmo que por um segundo
Deitada em sentimentos esquecidos
Adormecida, porém sonhando acordada
Em deleite...
Fora de meus próprios sentidos
Fecho meus olhos devagar
E não tenho pressa
O próximo segundo pode nunca chegar...