ESPANTO - Regina Lyra

I

Mando-te

meu espanto,

espasmódico,

estranho!

Endereço incerto,

permitiu vazio

pranto!

Desaparecido,

bairros da cidade,

terras do país.

Bares ocultos,

marginais,

luto do discurso

intelectual,

solitário,

por uma participação nacional!

II

No espanto,

em que me encontro

deixo-te partir

sem despedidas,

busca reconhecimento,

da vida!

III

O gosto do sentimento

deseja penetrar em ti,

mas foi despejado

pelo descrédito do sentir!

O vento leva em bloco,

sopra aos quatro cantos,

da terra lavrada,

semeando,

momentos de ternura.

IV

Desconheces

sopro do vento

canto do rosto.

Vento parte

sem dar-te recado.

Em outro canto,

as letras se perdem,

não formam palavras.

Versos se confundem

nas barbas do vento,

extraviando a mensagem

do pensamento.

Perdem-se palavras

soltas ao vento...

(IN: Antologia Talento Feminino em Prosa e Verso V. II. São Paulo: Ed. Scortecci, 2004).

Regina Lyra
Enviado por Regina Lyra em 29/12/2005
Código do texto: T91555