Clandestina

De repente me perco onde pensei me achar,
e  de repente vivo tudo ao contrário,
de repente sonho, de repente esqueço,
de repente arranco as folhas do meu calendário
e me aborreço,
e de repente de tão forte eu  enfraqueço....
 
De repente é noite e chegou fim de semana,
de repente passou um mês, um  ano,
de repente eu que era burguesa, sou cigana...
De repente ouço Chico e Caetano e celebro,
de repente danço, me empolgo, me inflamo,
mas não  mais que de repente eu me quebro,
feito simples e frágil porcelana.  
 
De repente, tudo muda e muda tão silente
que eu já não sei se  quem mudou foi eu
ou se aquela que habita em mim,
tão clandestinamente...
e sempre me vem assim...tão de repente!!