FESTA NO BREJO

Brilhavam no céu as estrelas.

Pareciam brincar.

Pisca-some, pisca-some.

De vez em quando,

Uma estrela cadente

Rasgava o céu.

A noite não era mais negra

Porque havia a luz celeste

E os pirilampos

Vagavam em luzes ambulantes.

Longe, a bicharada a cantar.

Uma orquestra de anfíbios

Regidos pelo grilo mestre,

Bem de longe

Para não virar o jantar.

Na cerca, o júri:

Sérias corujas

Muito experientes na crítica musical.

Um coro desencontrado

De vozes caninas

Irritava o grilo mestre.

Era a festa da bicharada

No brejinho lá de casa.

Isto foi antes de vir o progresso

Com a construção da Fábrica.

Hoje são outros os sons.

Zum zum zum de operários,

Vrum vrum vrum de caminhões,

Rum rum rum de máquinas.

Foi-se a bicharada

E o seu canto feliz.

Em certos momentos da vida,

Surgem construções de fábricas

Aterrando o brejinho que há em nós.

Luto para manter vivo em mim

O meu brejinho

Com o canto feliz

De alguns bichos cultivados n’alma

Coac, coac, coac, trim, trim, trim.

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 28/12/2005
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