FESTA NO BREJO
Brilhavam no céu as estrelas.
Pareciam brincar.
Pisca-some, pisca-some.
De vez em quando,
Uma estrela cadente
Rasgava o céu.
A noite não era mais negra
Porque havia a luz celeste
E os pirilampos
Vagavam em luzes ambulantes.
Longe, a bicharada a cantar.
Uma orquestra de anfíbios
Regidos pelo grilo mestre,
Bem de longe
Para não virar o jantar.
Na cerca, o júri:
Sérias corujas
Muito experientes na crítica musical.
Um coro desencontrado
De vozes caninas
Irritava o grilo mestre.
Era a festa da bicharada
No brejinho lá de casa.
Isto foi antes de vir o progresso
Com a construção da Fábrica.
Hoje são outros os sons.
Zum zum zum de operários,
Vrum vrum vrum de caminhões,
Rum rum rum de máquinas.
Foi-se a bicharada
E o seu canto feliz.
Em certos momentos da vida,
Surgem construções de fábricas
Aterrando o brejinho que há em nós.
Luto para manter vivo em mim
O meu brejinho
Com o canto feliz
De alguns bichos cultivados n’alma
Coac, coac, coac, trim, trim, trim.