UM POSSÍVEL DIÁLOGO NA CRUZ...
Crucificado!... Pendurado no madeiro.
Dores imensas, corpo dilacerado...
Vilipendiado e humilhado...
Parecia estar vencido
O Jesus Crucificado...
Os olhos de Jesus olharam sua mãe e lhe falaram:
– Mãe, quanta saudade de teu colo macio
E das coces canções que cantavas, ao me embalar,
Para que eu adormecesse...
– Meu Filho:
Quando caias e te machucavas nos brinquedos,
Eu te beijava e todos os teus medos
Eu afastava para longe!... E, agora aqui,
Eu só posso te olhar com meu amor
E não posso diminuir a tua dor!...
– Mãe, não chores! Ver-te assim chorar
Torna ainda maior o meu penar!
– Filho, entre dores te gerei,
E na estrebaria tu nasceste Rei!
Não tive medo que me apedrejassem
Nem tive medo que José duvidasse
De que eu gerava O Rei!
Mas... agora!... O que te fizeram??
Por que rejeitaste o colo que te dei?
– Mãe, aos doze anos fui ao Templo,
E lá antevi todo o meu tormento!
Mas para isto vim!...
Eu escolhi ser obediente,
E obediente serei até o fim!...
– Filho, amor meu, és minha vida!
Que será de mim com Tua partida?...
– Mãe, daqui a três dias voltarei,
E o Templo, reconstruirei!
– Meu Filho! Mas agora estás sofrendo
Tua carne está dilacerada,
És como massa informe, esmagada,
Pelo “flagrum”... e Teu ombro machucado,
Dele corre sangue! E estás magoado
Pois teus amigos te deixaram e traíram!
– Mas, Mãe, tu ainda estás comigo ao pé da cruz!...
– João, irmão e amigo amado,
a minha mãe conduz!...
– Sim, Meu Mestre, meu Divino Salvador,
Pois tu me resgataste com o teu amor!
As tuas dores levaram minha dor!...
Dela eu cuidarei, com todo o meu amor!
– Meu filho, sinto que Tua vida já se esvai...
Vais te encontrar com teu eterno Pai!
Uma espada sangra o meu coração...
Pudesse eu ao menos, segurar a tua mão!
– Não, minha mãe! Neste momento estou sozinho!
E assim será !... – Meu filho! Meu filhinho!
E a Santa Mãe chorava ao pé da Cruz...
João, tão jovem, abraçava e consolava
A “Mater Dolorosa”... o que o induz
A pensar "--Quem não sofreria
Ao vê-la sofrer ao pé da Cruz?..."
Outra mulher ali também chorava:
O Mestre amado, o Mestre que ela amava
Entrava em agonia... Ele era a Luz!...
Como poderia viver sem Suas palavras?
Sem seu olhar tão doce e tão sereno?
Ele a salvara e ela o amava...
Por Seus ensinos, sua vida ela conduz,
Porque muito o amou!... E Ele na cruz!...
Os olhos machucados pelo Sangue
Provocado pelos espinhos coroado,
Encontraram os olhos de Maria
E, apesar da dor, ela viu nEle uma Luz!
Ele também a amava! E tanto! Tanto!...
Ela sabia disso, e, no entretanto,
Foi de renúncia este amor tão puro!
Ela, por Ele, daria sua vida,
Mas era Ele, que agora agonizava,
Dando Sua Vida por ela. O povo ironizava!...
E Ele nem podia dizer o quanto a amava,
A ela, que estava ali, aos pés da cruz!
Maria, a mãe do Mestre a amparava...
Talvez lhe tenha dito entre sussurros:
– Nos O amamos tanto! Ele sabe!
Ele sabe tudo! -- A Santa e a outrora pecadora
Se sustentavam em sua dor e sofrimento
Ante aquele que nem tivera julgamento
E fora, em covardia, sentenciado para a cruz!
Madalena percebeu, entre gemidos:
Ele tinha sede! “Água!” Amigos
E inimigos condoeram-se em vão:
Ele tinha sede dos amigos
Que longe, medrosos, seguros já estão!
João, Maria e a Madalena
Choravam juntos os sofrimentos de Jesus!
Os olhos do Mestre, dolorido, se encontraram
Com Maria, com João e a outra Maria,
E Ele lhes disse, sem nem sequer falar,
O quanto de amor havia em Seu doar...
– Pai, nas tuas mãos Eu te entrego
O meu espírito! Eu te amo e não Te nego!
Fui obediente até o fim...
Cumpriu-se tua vontade, a humanidade,
Está salva enfim!...
Mais um olhar de amor àqueles três
E num brado, exclamando de uma vez,
Diz: – Está consumado!...
Consumado o sacrifício Redentor
Consumado o sacrifício por amor!
Choveu. O sangue ainda escorria
Quando a lança perfurou seu coração
E um choro imenso ecoou pela nação
Semelhante ao de Raquel pelos seus filhos!...
Maria tomou “Seu Menino” em seus braços
E o embalou pela tremenda ultima vez...
João abraçou o corpo com carinho
E o envolveu em um lençol de linho.
A Madalena beijava os seus pés...
O corpo foi levado ao sepulcro
E três vultos andaram devagar
Regressando sofridos ao seu lar...
Eram a família, a Igreja que nascia...
Que aos pés da cruz nascia em meio a dor
Onde a morte foi derrotada pelo Amor!...
E assim foram chorar até o Dia
Em que o corpo do Mestre tentariam
Embalsamar...
O Pastor morrera, as ovelhas dispersadas,
Não tinham idéia de onde iam ficar!
Maria juntou todos, como a “filhos”,
E convidou-os a ficarem juntos para orar!
E assim se passaram os três dias...
Em luto e dor... profundas agonias,
Orando, sem cessar...
........................................Véspera da Páscoa, 2008.......
.................................................................................
Dedico a todos os meus queridos amigos leitores.
Amanhã desejo a todos
Uma Páscoa Feliz: a Páscoa da Ressurreição!
A Passagem da Morte para a Vida,
O Caminho da Libertação!...