Ao Acaso
Ao Acaso
Atiro ao acaso os meus dados,
Por entre as feras e humanos pardos,
Vejo o rolar da sorte frente ao meu olhar,
Ferido de tanto escuro, que já não doi o azar,
Caem os dados em combinações estranhas,
Saem contas que me ferem,
E juízos que me removem as entranhas,
Rola o dado com suas pintas,
Vira a vida e tudo atira às urtigas,
Numa impotência perante o fenómeno,
Ditado sem lei nem cálculo de algum astónomo.
O acaso comanda o trilho,
Numa vaga forte e num caminho sem sentido,
Leva-me por lugares de onde não vejo o calor do dia,
E pede-me escolhas,
Quando já tenho minha mão vazia,
Olho o nada com que fiquei,
Olho o caminho por onde andei,
E a destruição que vejo à minha volta,
Não foi minha escolha, foi minha derrota,
O acaso não seguiu os riscos da minha mão,
E largou-me à sorte com a minha solidão!
Nenúfar 22/3/2008