Poema de natal

Meu coração bate

no ritmo frenético do latido de um cão,

seu ganir melancólico

dita os acordes da canção

natalina…

que aquele mendigo canta

tocando um violino

Ele pode ser Papai Noel disfarçado

de mendigo tocador de violino,

mas isso é só uma canção…

que não ouso escutar

que não posso cantar…

Meus ouvidos são de ouro 18 quilates

e se enferrujam com essa umidade

do natal…

Ei, vejo corações

árvores coloridas

comercias patéticos na TV

E um poema soprado pelo vento

preenche o meu vazio…

de dias e noites de natal

sem Papai Noel…

Que, alias, é de lantejola

no coração das crianças que desfilam

pelo parque…

Sem saber que essa grama

alimenta as renas de um Papai Noel

que mora no coração dos adultos…

Página em branco

do aerograma de natal

é um poema em livre

verso livre

e descompassado por esse ritimo

que o mendigo tira

de seu violino maltratado…

Pelo hoje e pelo ontem

pela glória tão inglória

de uma lenda tão antiga

que nem mais lembramos a data…

mas é natal… no corpo

nos olhos e nos corações…

Sem a confusão das chaminés

e dos gorros machucados pela neve

sem o verso tão gelado

de um poema esquecido

em um sapato na janela…

Mas é natal

e tudo é tão descompassado

e nostalgico

que nem as palavras de amor

esquecidas, ainda, nos ouvidos

aquecem meu coração

Odair J Alves
Enviado por Odair J Alves em 22/03/2008
Código do texto: T911846
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