Poema de natal
Meu coração bate
no ritmo frenético do latido de um cão,
seu ganir melancólico
dita os acordes da canção
natalina…
que aquele mendigo canta
tocando um violino
Ele pode ser Papai Noel disfarçado
de mendigo tocador de violino,
mas isso é só uma canção…
que não ouso escutar
que não posso cantar…
Meus ouvidos são de ouro 18 quilates
e se enferrujam com essa umidade
do natal…
Ei, vejo corações
árvores coloridas
comercias patéticos na TV
E um poema soprado pelo vento
preenche o meu vazio…
de dias e noites de natal
sem Papai Noel…
Que, alias, é de lantejola
no coração das crianças que desfilam
pelo parque…
Sem saber que essa grama
alimenta as renas de um Papai Noel
que mora no coração dos adultos…
Página em branco
do aerograma de natal
é um poema em livre
verso livre
e descompassado por esse ritimo
que o mendigo tira
de seu violino maltratado…
Pelo hoje e pelo ontem
pela glória tão inglória
de uma lenda tão antiga
que nem mais lembramos a data…
mas é natal… no corpo
nos olhos e nos corações…
Sem a confusão das chaminés
e dos gorros machucados pela neve
sem o verso tão gelado
de um poema esquecido
em um sapato na janela…
Mas é natal
e tudo é tão descompassado
e nostalgico
que nem as palavras de amor
esquecidas, ainda, nos ouvidos
aquecem meu coração