Nada - Aisha & Caio Lucas

Rompem-se as barreiras do tempo, calaram-se nas vozes roucas,

a morte beijou os outros que clamavam por justiça.

Sigo o curso nas margens onde o rio em meu leito deitou,

adormecendo a luz onde em sombras a noite despertou.

Nos contratempos da paz só um grito se fez ouvir,

nada mais sou nos restos dos sonhos que minh’alma sonhou,

nos momentos em que nada sou presente e passado,

alimentando a miséria dos espaços de mim que restou.

Fecham-se os olhos do profeta no grito que a profecia calou

em mudos cantos onde o mundo conheceu o amor.

Hoje, costurado em retalhos é o passado descrente

aos sonhos onde o futuro, meu presente aspirou.

Fragmentei a vida nos dias em que contei minha história,

os sonhos aos quais me prendia, desvaneceram no céu,

ele, feito azul que voei, ensaio os passos da última dança

cingindo-me do óleo batizando o corpo de velhas esperanças.

Rompem-se as barreiras do tempo no presente onde nada sou,

a miséria toma minha forma no chão onde o vazio germinou.

Ampara meus pés o céu onde pensei Deus,

nos intervalos das vidas onde em vida desejei encontrá-lo.

Aisha
Enviado por Aisha em 28/12/2005
Código do texto: T91152