Nada - Aisha & Caio Lucas
Rompem-se as barreiras do tempo, calaram-se nas vozes roucas,
a morte beijou os outros que clamavam por justiça.
Sigo o curso nas margens onde o rio em meu leito deitou,
adormecendo a luz onde em sombras a noite despertou.
Nos contratempos da paz só um grito se fez ouvir,
nada mais sou nos restos dos sonhos que minh’alma sonhou,
nos momentos em que nada sou presente e passado,
alimentando a miséria dos espaços de mim que restou.
Fecham-se os olhos do profeta no grito que a profecia calou
em mudos cantos onde o mundo conheceu o amor.
Hoje, costurado em retalhos é o passado descrente
aos sonhos onde o futuro, meu presente aspirou.
Fragmentei a vida nos dias em que contei minha história,
os sonhos aos quais me prendia, desvaneceram no céu,
ele, feito azul que voei, ensaio os passos da última dança
cingindo-me do óleo batizando o corpo de velhas esperanças.
Rompem-se as barreiras do tempo no presente onde nada sou,
a miséria toma minha forma no chão onde o vazio germinou.
Ampara meus pés o céu onde pensei Deus,
nos intervalos das vidas onde em vida desejei encontrá-lo.