ILUSÃO
Há quem diga que me conhece,
que transpareço em meus versos,
que não tenho vieses dispersos,
que sou clara feito uma prece...
Lêem-me pelas palavras escritas;
sabem-me nos símbolos impressos;
sentem-me em delírios confessos;
inventam-me nas frases mal ditas.
Quem me desvela, afinal ?
Eu me entranho no poema,
adentro espaços vazios,
penetro vãos muito frios
ou quentes demais - dilema.
Sou mistério feminal.
Inteiro-me nas entrelinhas
onde o tudo e o nada estão.
Muitas faces, todas minhas;
para outros, somente ilusão.
Lina Meirelles
20.03.08