Ao emergir

Sinto um olhar atento, cálido, sensível

e no meu esforço ao renascimento

primeiro a luz, depois o firmamento.

De raízes profundas e tênue folhagem

não sou um sonho, nem miragem. O suor

que de mim brota, como gota escaldante

busca o etéreo saber efervescente.

E nas asas do vento, vôo ao infinito...

Como semente cuspida, em busca

de solo árido, suga-me o beija-flor.

Enquanto flor adocicada, sou alimento

de pássaros que bailam ao meu redor.

Como folha esmaecida,

sou o canto nos pés do lenhador

e a quebra do silêncio, na mata toda em flor.

Ao emergir do solo,

ao ser lançada pelas águas,

não me contém o tempo.

Não me detenho a nada.

Viro a lava de um vulcão,

viro a calmaria da mata

Se emerso de teus sentidos

torno-me a mais linda cascata.

E busco o teu olhar sensível

seguindo o curso do rio...

Encontro-o navegante,

ondulante, encrespado

beijando as ondas na praia.