Canção do vento
Se pensar num revolto mar
Saberei que jamais posso esperar
Pois as águas sobem e descem
As marés que rochas banham
Mar adentra noite a fora
Os anjos que choram já não oram
Soldados armados imploram
Que vão embora
Ainda não sabemos os porquês
Mas são vidas que chegam aos mares
Nos navios, turbulência e morte.
Faz guerra e guerra forte
Nos trancos sofrendo as baixas
E as flores pra quem são?
Se nem mais vidas têm!
Os anjos não amam a morte
E cansados dormem
Os piratas das almas não sofrem
Afora vento e noite.
Nas mãos deles,
Açoite.
De areias, a casa é dos ventos.
E ao acaso ele canta a canção do amanhã
Que não chegará
Esconde um castelo a beira mar
Esperando as pobres vidas
Quando o navio atracar
E no horizonte o sol
Tão longe!
Nega-me o calor
E eu na noite aqui estou a olhar
O mar, pois a lua ainda vem mergulhar.
Lili Ribeiro
23/01/08