Quase um suspiro

Abrem-se as portas do meu próprio universo

Meu espírito suspira

Em uma calma desconhecida

Há um amor latente que sobrevive à ira

E finge que morre

Mas ainda transpira calor e vida

Os versos que ferem como punhal

Embalam-me em solidão e agonia

As mesmas vozes mudas de outrora

Gritam em algum outro plano astral

Que tudo que eu sinto

Não passa de teimosia...

E eu me perco em um doce acalanto

Desfazendo-se em lembranças febris

Quem me dera que a noite estendesse seu manto

Para que meu corpo repousasse sem pressa

E meus sonhos me dessem a vida que eu sempre quis

Como raios de luz que vêm e vão

A febre que me toma me traz satisfação

Pois é dela que vem o calor

Que me aquece neste inverno particular

Como nuvens de outra dimensão

Meus pensamentos entram em colisão

Quando eu fecho os olhos

Sem saber para onde olhar

Desfaz-se a poeira desta tristeza

Meu sorriso se modifica

Como um sentimento sem razão

Mas minha súplica é tudo que fica

Presa nos mares bravos

Que banham minha última ilusão

Sede de desejos reprimidos

Afagos de minha própria lucidez tentam me ferir

Quando minhas mãos trêmulas

Tocam de longe o infinito

Mas nada conseguem sentir

Fome de emoções torturantes

Indícios de cataclismas em todos os meus humores

O medo da verdade

O medo da mentira

Minhas memórias são meus piores temores...