Na Trilha do Índio (psicogr.)

Na cabana do pajé
tem mangabas e ananás,
tão bonitas e tão doces
como as bênçãos de orixás !

No sertão do meu país
há muita coisa bonita;
quem quiser vá até lá,
e só vendo, acredita!

As flores da minha taba
são tão belas como as daquí,
são como virgens dançando
ao som do canto de Arací !


Arací é a grande deusa
conhecida no sertão,
é ela quem ilumina
as noites do meu irmão !

Meu irmão é índio bom,
bom arqueiro e pescador,
é ele quem faz agora
a profissão de Pastor!

O Bom Pastor vem plantar
as sementes do Amor,
do Evangelho citar
e louvar Nosso Senhor!


Sou índio, mas não sou crente,
nem ateu, nem  pregador,
mas agora estou ciente
que quem manda é o Senhor!

O Senhor é Nosso Guia,
Nossa Estrela, Nossa Lua,
Nosso Sol que muito brilha
nos confins da selva nua ! 

No horizonte perdido
vejo meus irmãos clamando,
que os irmãos façam justiça,
vá seu povo libertando!

As águas que correm pr´o mar
são dos rios e das montanhas
e lá das selvas, vem rolar,
sobre as ondas, as piranhas!

Cuidado, irmão, cuidado!
Não vá no rio nadar,
que as feras te apanham
e te fazem afogar!


O peixinho que eu gosto
é aquele pequenino,
que nada sobre a corrente
e pula como menino !


O meu arco e minha flecha
agora tem outro uso,
tem serventia pra Deus
apanhar aqui o intruso!

O intruso é o pagão
que não quer acreditar,
vem fazer só confusão,
e nossa gente atrapalhar
!

Vou caminhando, amigos,
é hora de retirar
a minha gente amiga
que vem aqui vos saúdar!

Atenção, escutem bem!
Façam o povo saber
que quem fala é o Araquém
e quem me ouve e crê
é o índio Iraquê !

 Irmão Araquém 
Preceptor: G.D

Victoria Magna
Enviado por Victoria Magna em 26/12/2005
Código do texto: T90718