Uma flor azul

Agora ando,

rasgando este arco negro,

titubeando pelas veias noturnas.

E meus olhos se afundam

nos rasgos da lua dourada,

nos filetes prateados de estrelas guardiãs.

Ando,

por esta malha enleada de pombos,

cheia de músicas e de sonhos que

flutuam por andaimes de outra dimensão,

com ventos medindo a distância:

dos teus olhos queimando-se de azul

e da flor que mastiga o silêncio da estrada.

Por isso que ando

por baixo desta teia de faróis,

pintando mozaicos, respirando a fragrância

das flores que me trazem a lembrança

do perfume que ficou da minha amada.