Reflexos da Alma

                         "A moral, propriamente dita, não é a  
                         doutrina que nos ensina como sermos 
                         felizes, mas como devemos tornar-nos 
                         dignos da felicidade." (I. Kant)



No tempo
que eu
não te conhecia,
aprendi numa lousa
de palavras andantes,
que se movimentavam
na casa do silêncio
e da escuridão...
Foi assim que comecei
a descobrir que
Felicidade,
é uma ave passageira,
que voa horizontes
no coração de poucos seres,
e que muda e se transmuda...
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Nestes tempos
de escassos valores,
prefiro alimentar cães
a levar flores
na porta das igrejas...
Oh, Felicidade, Felicidade!
Senhora e escrava
dos meus caprichos!
Que cantos tua lira inspira
nos recantos cheios de ilusão?
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Gostaria de falar sobre a alegria
refletida nos teus olhos;
Mas, tenho somente a mim
neste mar de solidão...
Míseros restos de alma
na brevidade do tempo...
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Existiram épocas
de fragrâncias coloridas,
nas vozes claras
dos pomares,
que abrigavam
tropéis
azuis e rosa,
à beira do riacho,
na casa das palavras
de ternura e mansidão...
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Uma vez
vislumbrei
entre brumas,
nos portais
das tendas de luz,
a face do Invisível
que gera o Tudo
o destino, a sorte
a vida, a morte!
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Decidi caminhar
no pó das estradas,
e sentir o aroma
do araçá dos longes...
... e olhar pro céu
para encontrar despojos,
a troco de vinténs,
na seca do destino.
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Naquela casa,
escondida numa curva,
sugeria prazeres
que meu sonho ansiava.
E eram os mesmos, os vinténs
que aplacavam a sede e a fome.
E tudo era tão bom...
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Não se é permitido
hastear sonhos coloridos,
nas janelas das casas
de tijolos amarelos...
E as bocas dos canhões
brilharam infâmias
no tempo da escuridão...
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Oh, Felicidade...
Tão frágil,
tão ligeira,
tão depressa
é o teu passar!
Senhora do efêmero,
que determina
o destino de quem
vive a sonhar...

           Vinhedo,  29 de fevereiro de 2008.