QUE O NATAL SE FAÇA VERDADE
A chuva desce fina sobre o Natal.
A estrela aponta Belém.
Relembra-se o Menino.
O poeta canta a si próprio.
O universo cresce dentro dele:
flor amarga.
O canto sórdido e hipócrita
é um balbuciar gutural de consumo.
Mas a Beleza está posta:
uma lápide sem epígrafe.
Não há nenhum símbolo,
inscrição inteligível.
O autor coloca o ponto final:
uma cruz de pedra.
Cala-se a voz.
A alma balbucia o poema a esmo.
Um celular toca Jingle Bells...
MONCKS, Joaquim. BULA DE REMÉDIO. Porto Alegre: Caravela, 2011, p. 71.
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