Lugar-comum

Cidadezinha cheia de manha,

que arranha a vida do vizinho,

enquanto a própria casa cai

em ruína.

Há uma nuvem torpe

a cobrir os seus telhados

de vidro, já tão cheias de trincos,

a ponto de desabar.

O julgamento chega cedo

para aqueles que ainda são crianças.

E o indicador não se cansa de apontar,

sinalizando o que a língua, sem descanso,

sibila sentenciar.

Quem são eles?

Hóspedes das ações insanas,

do silêncio omisso,

da escuridão que silencia

a coragem de se humanizar.