LACOR
Sentei aqui e ainda não era noite
Já correram horas e ela veio
Tomou pra si o céu e escureceu
Não tem lua hoje
Teve muito sol já
Natureza impecável
Brisa tépida vem suave
Noite quente de veraneio
Resquícios da tarde que já foi
Ah que bela noite!
Estrelas brilham e apagam
E acendem meu louvor noturno
Descanso nessa noite essencial
Calmante, repousante, na rede
Não interessa o quanto o dia foi ruim
Só sei que a noite está bela
Está boa para sentar e olhar a nada
Ouvindo velhos discos de bossa
E no balanço da rede
E no conforto da noite
Tudo fica mais claro que antes
Delírios sutis povoam-me
Fica só mais um pouco contraditório
Em meio a esse escuro
Ninguém passa
Só as luzes das casas
Fazem-me companhia
Não tem água de coco
Não tem água de poço
Só tem gotas de orvalho
Como faz silêncio...
Consigo até ouvir as estrelas
Garças à majestosa noite
Quero no futuro
Viver somente as noites
Filosofar o noturno
Estou em paz, estou com a noite
Sorrisos brancos me sorriem
As coisas ganham disfarces
As melodias frescas
Soam junto à brisa
Dizem baixinho tristes verdades
E eu tomo posse dessas confidências
E delas faço a noite de amanhã
Boa noite, noite boa, noite noite