A cada um(a)

A cada um(a)

A vocês que compõem versos

como se o céu fosse miragem

e o luar a única roupagem

que a poesia pode ter.

A vocês, Poetas dos motes

que adoçam a vida com rimas

sangram a dor até a última gotícula

e gestam poemas ao sofrer.

A vocês que enganam o vento,

mudam o eixo, enroscam-se no desejo,

dilaceram o verbo, desenham o alfabeto

e, pelo avesso, ensinam viver.

Não seriam suas as ingratas noites

onde os pássaros descansam dos vôos

mesmo advindo a melodia dos trinados

que todos, todos os Poetas alados

cantam, dançam, embriagados,

sem nem mesmo saberem por quê?

Vamos, Poetas, às curvas dos rios!

E lá que o cio da terra

corteja a Lua que soberana

mostra-se nua às águas.

Doces águas a caminho do mar.

Levem seus dogmas, seus anseios

e façam um poema inteiro

somente com o verbo amar...