ODE SEM FIM

passamos o tempo a perguntar - porque?

o tempo todo.

perdidos em uma infinita preocupação

“mas são tantos problemas? como resolver?

cada um à sua vez

é a melhor medida.

mistérios da vida é o que diz certas escrituras

comovendo a massa de nossa ignorância,

seja qual for o seu credo.

o maior problema humano é não saber,

dentro de todas as letras,

o que fazer primeiro.

relaxe, xingue, ou cante.

fique sem falar, chore, resmungue até.

mas enfrente.

é simples

como uma melodia

por maior que seja a dora da carne,

ou do espírito,

nada é um palco sem iluminação.

partindo numa direção ou outra,

rasga-se o mistério.

o duro não é a escolha,

mas a indecisão.

a emoção transpassa.

olhe de novo para si

talvez esteja faltando abrir o peito de novo

mesmo que o novo choque.

deixar de lado o hermetismo da mente

e abrigar outros cheiros,

outras cores,

outros ventos,

outros mares.

a vida é um rio constante,

que passamos preocupados com o dia seguinte

sem apreciar a beleza tenra do dia vivido,

sem se deleitar com a melodia das pequenas vitórias.

queremos provar apenas o mel de uma copa distante.

por isso, tanta coisa passa desapercebida.

por isso, vivemos uma metade.

viver mais e deixar viver é um caminho.

tem marcos que sangram,

como uma ode sem fim,

mas o deleite do momento cura e cicatriza qualquer chaga,

tornando possível transpor

“a insustentável leveza do ser”.

o vôo mais alto não é proibido,

nada é proibido,

cada ato faz como a liberdade das notas, o abrigo,

que o afago e a carência sentida rasga em luz,

e pulsa na magnitude de um toque,

abrindo novos rumos com o brilho dos olhos.

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 01/04/2005
Reeditado em 10/04/2005
Código do texto: T9004
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