INSENSIBILIDADE
INSENSIBILIDADE
Nem Eurídice
Nem Marília de Dirceu
Nem Bárbara Heliodora!
Não fui eu
Quem te fez produzir versos tão excelentes;
Não fui eu
Quem te fez escrever mensagens ardentes;
Não... não fui eu
Quem te fez expor o que sentes.
Enfim...
A tua musa inspiradora não fui eu.
Mas...
Como quisera tê-lo sido
Para receber de ti
Aquele presente que seria um presente inédito
Dentre os recebidos...
O que saiu da alma!
Ao pedires que eu lesse
Tão comovente poema
- uma verdadeira confissão de amor-
Colocaste em meu peito a esperança!
Bebi letra por letra de cada verso,
Sorvi a musicalidade de cada estrofe,
Extasiei-me ante tanta sensibilidade.
Antes mesmo que eu opinasse,
Tamanha era a tua expectativa,
Inquiriste-me:
- Responde com sinceridade:
A minha amada irá gostar?
Tu a conheces.
É aquela morena de olhos verdes
Que a ti apresentei na Páscoa.
Punhal mais ferino,
Guilhotina mais afiada
Não seriam capazes de produzir
Tanta dor, quanto as tuas palavras.
Num gemido à surdina,
Minha alma suspirou:
COMO SÃO INSENSÍVEIS, OS HOMENS!
-délia costa-