INSENSIBILIDADE

INSENSIBILIDADE

Nem Eurídice

Nem Marília de Dirceu

Nem Bárbara Heliodora!

Não fui eu

Quem te fez produzir versos tão excelentes;

Não fui eu

Quem te fez escrever mensagens ardentes;

Não... não fui eu

Quem te fez expor o que sentes.

Enfim...

A tua musa inspiradora não fui eu.

Mas...

Como quisera tê-lo sido

Para receber de ti

Aquele presente que seria um presente inédito

Dentre os recebidos...

O que saiu da alma!

Ao pedires que eu lesse

Tão comovente poema

- uma verdadeira confissão de amor-

Colocaste em meu peito a esperança!

Bebi letra por letra de cada verso,

Sorvi a musicalidade de cada estrofe,

Extasiei-me ante tanta sensibilidade.

Antes mesmo que eu opinasse,

Tamanha era a tua expectativa,

Inquiriste-me:

- Responde com sinceridade:

A minha amada irá gostar?

Tu a conheces.

É aquela morena de olhos verdes

Que a ti apresentei na Páscoa.

Punhal mais ferino,

Guilhotina mais afiada

Não seriam capazes de produzir

Tanta dor, quanto as tuas palavras.

Num gemido à surdina,

Minha alma suspirou:

COMO SÃO INSENSÍVEIS, OS HOMENS!

-délia costa-

Águia Solitária
Enviado por Águia Solitária em 13/03/2008
Código do texto: T899739