MADRUGADA

Palavras místicas saíram da tua boca

E germinaram sinuosas em meu coração

Depois, o inexpressivo silêncio

Adormeceu a certeza dos teus olhos

Fez-se tênue o íntimo desejo

Que a madrugada alimentava

Nos aguardava o dia com seus espasmos,

Suas virtudes, suas previsões, seus vinhos

Nossos olhos farejavam a manhã

Que mais uma vez triste e universal,

Nos lembraria a ameaça do imprevisível

Que naquele instante impotente

Entre quatro paredes

E foi preciso

Que tuas palavras ressuscitassem

Para que os nossos passos

Não apodrecessem nas lâminas do dia

E nem se desviassem da genuína certeza

De estrelas em nossas noites.

JOAQUIM RICARDO
Enviado por JOAQUIM RICARDO em 13/03/2008
Código do texto: T899049
Classificação de conteúdo: seguro