MADRUGADA
Palavras místicas saíram da tua boca
E germinaram sinuosas em meu coração
Depois, o inexpressivo silêncio
Adormeceu a certeza dos teus olhos
Fez-se tênue o íntimo desejo
Que a madrugada alimentava
Nos aguardava o dia com seus espasmos,
Suas virtudes, suas previsões, seus vinhos
Nossos olhos farejavam a manhã
Que mais uma vez triste e universal,
Nos lembraria a ameaça do imprevisível
Que naquele instante impotente
Entre quatro paredes
E foi preciso
Que tuas palavras ressuscitassem
Para que os nossos passos
Não apodrecessem nas lâminas do dia
E nem se desviassem da genuína certeza
De estrelas em nossas noites.