PÁGINAS VIRADAS

nesta absoluta virtude

com páginas de magnitude

de Sábato, porque é sábado.

de Kafka porque enclausurada

no castelo de meus dons.

de Camus porque embaraçada

na queda de um tom maior

ou menor, ou melhor, ou pior.

viro folha por folha a cada instante

de minha insensatez, talvez

num poema inválido,

num ato falho de lucidez.

uma pequena luz que me calha

o amanhã.

uma pequena brisa

na visita dos grandes

poréns

a proliferarem

nos vais e vens

de meus fantasmas,

nas mágoas tantas

e diversas.

não quero conversa

à toa.

tudo destoa de meu ser.

pensante

e errante,

pulsante

e obstante,

constante,

se contudo

inspiro um sorriso,

uma trégua,

ou um desdém.

desde que sei

que o retorno

é sagrado,

mas não eterno.

Rocio Novaes
Enviado por Rocio Novaes em 12/03/2008
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