PÁGINAS VIRADAS
nesta absoluta virtude
com páginas de magnitude
de Sábato, porque é sábado.
de Kafka porque enclausurada
no castelo de meus dons.
de Camus porque embaraçada
na queda de um tom maior
ou menor, ou melhor, ou pior.
viro folha por folha a cada instante
de minha insensatez, talvez
num poema inválido,
num ato falho de lucidez.
uma pequena luz que me calha
o amanhã.
uma pequena brisa
na visita dos grandes
poréns
a proliferarem
nos vais e vens
de meus fantasmas,
nas mágoas tantas
e diversas.
não quero conversa
à toa.
tudo destoa de meu ser.
pensante
e errante,
pulsante
e obstante,
constante,
se contudo
inspiro um sorriso,
uma trégua,
ou um desdém.
desde que sei
que o retorno
é sagrado,
mas não eterno.